Querida Rita Lee, tudo bem com você?
É o seguinte: hoje, dia 25/07 a minha filha está completando
quatro anos de vida e me pediu um presente de aniversário e eu, na minha obrigação
de mãe, estou disposta a ajudá-la a conseguir o tal presente.
Ela não me pediu bonecas, nem pelúcias e nem um cachorro (ok
mentira! pediu sim, mas não foi só isso); Nalu tem um sonho e com toda a doçura
e prepotência que só uma criança de
quatro anos pode ter, me pediu pra convidá-la pra jantar aqui em casa.
Sim, jantar.
Eu sei, sua agenda é bem cheia e nem sei se gosta de
omelete, então sinta-se a vontade pra recusar o convite, embora vá deixar minha
filha bem arrasada. Prefere strogonoff?
Nalu foi apresentada a você aos dois anos, no rádio do meu
carro e ficou encantada com a música e com a voz da “Lita”. Chegando em casa me
pediu pra ver a cara da “muié que cantava dicupa o auê”. Pois bem, procurei no
youtube e achei o clipe do “Tudo vira bosta”; distraidamente apertei o play. No
dia seguinte ela não queria comer o lanchinho da escola porque ia virar bosta. E
nem filé minhão, champinhão e muito menos arroz feijão. Foi aí que ela se
apaixonou por você eu acho, já que ela nunca foi muito de comer e agora tinha
uma boa desculpa. Confesso que fiquei muito puta com você por isso, Rita, mas
já passou.
A partir desse dia ela deixou de lado todos seus dvs e cds
da barbie, backyardigans e bananas de pijamas e passou a dar a atenção única e
exclusiva às suas músicas. Hoje ela já canta- e muito bem (sou mãe, você
entende né?)-umas 12 músicas inteiras; diz que quer "nascer de cabelos vermelhos" e me pede dia e noite pra eu comprar olhos azuis; além disso, cada vez que me
desobedece manda um “eu não queria magoar
você”, e quando tá brava me xinga de “você é pior que cobra cascavel”; quando
eu digo que o cabelo cai quando não tomamos banho, ela me responde com “deus me
proteja da sua macumba, deus me salve da sua praga, deus me livre o guarde de
você” É... é bem difícil manter a pose de brava nessas horas, confesso.
Dia desses descobriu aqui em casa aquele cd em que você
interpreta Beatles e mal acreditou no que ouviu: “mãe! Ela sabe falar inglês!
Não quedito! E ela canta isbinahard dai nait certinho!”
Ela é louca pelos Beatles também, mas ela nunca me pediu pra
ir no playground com John Lennon, graças a deus.
Enfim, Rita, esse é o sonho da Nalu e ela anda meio aflita. Semana
passada me disse que o aniversário dela estava chegando e tinha que conhecer
você LOGO. Eu perguntei o porquê dessa pressa toda e ela me respondeu: “bem main
...ela já tá com 300 anos e não vai durar muito. Pufavô”
Então diante disso, me vi obrigada a escrever-lhe o quanto
antes.
Obrigada pela atenção,
minha ovelha negra te manda um beijo grande.
Abraço esperançoso,
mãe da Nalu.
PS: Ela acha que esta carta nunca chegará até você porque
você “mora longe” então me pediu pra mandar um ‘tuit’ e acaba de me lembrar que
tem que ser a Rita Lee real, não a imitação.
Que deus me ajude. Amém.
Aí vai uma pequena amostra do amor e talento de Nalu.
Aí vai uma pequena amostra do amor e talento de Nalu.