quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Depoimento


Oi, meu nome é Giuliana, tenho 28 anos e uma filha de dois.

Comecei nessa vida logo depois do nascimento dela, pela necessidade de me manter acordada, já que ela é insone desde seu primeiro dia.

E da necessidade nasceu o vício.

Fui indo aos poucos, só pra experimentar, durante o dia mesmo e quando vi, já estava usando de noite e de madrugada. (choro)

Minha filha sentiu um pouco, porque talvez alterasse o sabor do meu leite. Mas eu tinha que fazer isso, senão não aguentaria o tranco.

Ela acordava de hora em hora- quando dormia- pra mamar. E eu aproveitava esse tempinho pra dar um tapinha.

E isso foi aumentando sem que eu percebesse, pois ela acordava e eu já não sentia mais cansaço, sentia uma energia boa, uma euforia deliciosa.Poderia correr meia maratona na madrugada que tudo bem!

E isso foi me dando mais ânimo, disposição, e eu queria cada vez mais desse 'lance' que me deixava assim, ligada.

Cada vez que ela acordava no meio da noite meu coração disparava numa desritimada taquicardia e eu já pulava da cama dançando Beyonce, ia pra cozinha preparar a mamadeira rebolando até o chão. I'm a diva- sheik sheik skeik- I'm a diva, hey I'm a diva, I am I am.

Ela mamava e logo pegava no sono. Eu fivcava lá, dançando até o sol raiar.(risos)

Minhas dormidas foram ficando cada vez mais escassas e não me importava com isso porque simplesmente não tinha mais sono. Se eu dormisse mais de 1 hora por noite, me sentia péssima; como se eu tivesse perdido uma hora da minha vida. Uma hora da minha vida, cara! Isso era demais pra mim.

Até que passei a não mais dormir e tudo bem. Me sentia ótima, eletrizada, pêga.

Um tanto quanto feia, desmemoriada, concentração zero, sem coordenação motora, trêmula, mas quem se importava? Eu tava energizada! Uma coisa meio divina, sabe?

E passei a abusar cada vez mais da substância milagrosa. Cheguei a usar 12 vezes por dia. (choro)

O tempo passou e Lulu começou a dormir. Dormir em qualquer lugar, qualquer hora do dia ou da noite. Dormia compulsivamente. Uma doença?

Comecei a achar tudo isso um absurdo e cheguei a pensar em dar um tequinho pra minha filha experimentar (que ninguém nos ouça).

Por que quem, meu deus, consegue dormir no meio da novela?

Achava essa atitude da minha filha totalmente anormal. Pensei em narcolepsia e marquei pediatra.

Foi aí que ele, o médico, percebeu que a doente não era Lulu, e sim eu. (choro)

Ameaçou a ligar pro conselho tutelar pra me tirar a criança. (choro desesperado)

Foi aí que decidi procurar ajuda especializada. Com o total apoio da minha família, fui procurar um programa de desintoxicação.

E após um tratamento intenso, hoje, me satisfaço com apenas UMA xícara de café por dia. Descafeinado.

E estou acostumando ao novo ritmo da minha vida e tentando viver um dia de cada vez. Penso até em cortar o açúcar do café. E tenho orgulho de ter me tornado essa pessoa limpa, apesar das dificuldades.

Só por hoje.



Nessa foto, eu estava no auge alucinatório, tentando acordar Lulu no meio da noite. Hoje, sinto vergonha de mim mesma por tal atitude. Mas eu me perdôo. Perdôo perdôo perdôo, eu estava doente.


Percebam o sadismo em meu olhar.




PS: não tenho 28, tenho 25.

PS2: Ela ainda não dorme, isso foi um raro episódio de um cansaço intenso e extremo proveniente de duas festas infantis seguidas no mesmo dia.

PS3: eu continuo com sono e tomando café cafeinado. Obg.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Terrible two ou os terríveos dois anos (ou ainda: SO-COR-RO!)

Seguinte: recebi um e-mail do Baby Center, aquele site no qual nós, mães inocentes, fazemos um cadastro quando grávidas a troco de receber emailzinhos mês a mês sobre o desenvolvimento de nosso bebê. Tipo um manual de instruções, sab? E eu ainda não achei o botão delet account now e temo que daqui 48 anos ainda estarei recebendo: Olá Giuliana! sua bebê está completando 50 anos! É a época da menopausa, veja os cuidados..blábláblá...

Enfim, e-mail dizia mais ou menos assim:

Os 2 anos de idade são tão famosos pelos escândalos e ataques de fúria que em inglês existe até o apelido "terrible twos" -- uma idade terrível (AH CEMIJURA?) Mas todo mundo sobrevive,(SÉRIO MEMO?) e o importante é saber que as birras são normais,(PRA QUEM?) e quase nenhuma criança escapa,(E ESSE FOCO NA CRIANÇA?E A MÃE DESSA CRIATURA, COMO FICA?) nem mesmo as mais calmas e comportadas.(nunca tive uma dessa, by the way)”

Então, voltando e resumindo: seu bebezico, antes rosado, risonho e que fazia aquele cocozinho cheirando a mamãozinho, completa dois anos e vira um dinossauro vermelho raivoso, chorão e que faz pelotes de cocô com milhos INTEIROS pelo seu tapete novo... É isso.

Eu tenho uma tiranossaura rex na minha casa e não sei como lidar.

Birra, gritos, socos, pontapés, não quero, não vou, não uso mais roupa, quero agora, não quero mais, quero mais, cuspida na cara, gatos com traumatismo craniano por golpes de controle remoto, xixi no sofá novinho, risadas histéricas, viradas de cabeça em 360 graus, vômitos verde e voz metálica, desmaios encenados no chão do shopping, chantagens do tipo ‘eu vou chorar taaaanto’... enfim.

E você, querida mãe desse pterodactilo que está lendo esse post agora, se você faz cara de pintura impressionista diante dessa birrice, é taxada de negligente; se você pega a criança pelo braço, é um animal. E se você, assim como eu, é apontada na rua como a mãe de merda do ano, abraça aqui e chora comigo. \o/

Então, como proceder?

Sou contra bater, mas sou a favor de conversar e ensinar. Explico por A+ B o porque ela não pode fazer aquilo, fico brava, mostro autoridade, rezo pra Jô Frost, respiro, conto até 227, ponho de castigo, ela berra, deixo no castigo, me tranco no banheiro, choro, me descabelo, pego um livro do Içami Tiba, leio, concluo que fracassei, me limpo com as páginas do livro, respiro, volto, me recomponho, limpo o nariz na manga da blusa (oi?), respiro de novo, xingo todos os antepassados do Içami, respiro, olho pra ela no cantinho do castigo, abaixo na altura dela, incorporo um sotaque britânico e digo que ela está lá pra pensar no que fez, que ela está errada e ela me responde com um ‘tá tá tá bom já chega com isso’ mostrando a língua. Eu respiro, pego massinha e faço 12 bolinhas(pra me distrair) explico de novo e ela continua gritando ‘tá tá tá bom, cheggaaaaa’, batendo com a cabeça na parede. Eu digo que enquanto ela não parar de gritar e se debater, ela não sai de lá. E ela não para. Amasso as bolinhas de massinha com toda a força do meu ser, choro, perco hora pra compromissos, perco o chão, não acho as palavras, perco a chave de casa, perco o freio, estou em milhares de cacos eu estou ao meioooo..., acaba o dia e eu ainda olhando pra ela no castigo e vejo que não fiz nada, além de tentar educá-la. Em vão. Dou um doce de leite pra ela e vou fazer minhas coisas. Fim. Do dia e do castigo.

Terrívea, gente. Ela tá terrívea. E além dessa monstruosidade toda, a bichinha deu de falar. Mas falar muito. Pensem numa pessoa que fala. Agora numa pessoa que fala muito, mas muito mesmo. Agora numa que supera essa última. É a Lulu. E se ninguém responde as suas perguntas, ela mesma trata de inventar as respostas e arremata com um “ahhhh intindji” pra ela mesma.

E quando ela não tá falando, ela tá cantando. Porque ela não gosta de deixar um pobre segundo sequer no vácuo do silêncio. CÉOS.

(Férias cerebrais: eu necessito)

Ela emenda Maria Rita no Pearl Jam (que ela ama, depois da Amy, claro) Roberto Carlos no Wando e tem hora que entra num looping eterno digno de um DJ portador de TOC “rapte-me camaleoa, adapte-me a uma cama boa, rapte-me camaleoa, adapte-me a uma cama boa, raptemeadaptemeraptemeadapte-me...” A.D- I.F.I.N.I.T.U.M que deixa qualquer serumano a beira de um parapeito alto. Ou uma dose cavalar de rivotril.

(Férias cerebrais: eu necessito2)


Sem contar o tempo e criatividade que temos que gastar pra esses pequenos animais jurássicos engolirem um simples prato de arroz feijão. E lá se vão mais horas a fio gastas em vão. Junte tudo isso a férias escolares e recolham uma mãe morta em 30 dias.

Aliás, queridas mamães, convido-lhe-as a juntarem-se a mim na marcha pela diminuição das férias escolares de 30 pra 03 dias. Comentem o post e assinem com um “eu apoio essa idéia”, e vamos todas juntas lutar por esse nosso direito.

Louvada seja a nossa paz mental. Amém.

E eu não vou desistir. Já comecei a desenhar quadradinhos de giz na minha cela e faltam apenas 345 dias para os 3 anos!

Só por hoje.....